sábado, 5 de abril de 2008

Resumo da Obra "Pedagogia da Autonomia", de Paulo Freire.


PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: Saberes Necessários à Prática Educativa.


Nesta magnífica obra, assim como as demais, o saudoso e consagrado autor Paulo Freire nos convoca a refletir, especialmente os que alimentam o interesse em ser um docente. Para tanto, de forma enfática nos esclarece que “ensinar não é transferir conhecimento”, mas sim possibilitar efetivamente a sua produção ou a sua construção.

Nesse contexto, há uma relação existencial precípua no processo de aprendizagem, corporificada na relação aluno/professor. Por isso mesmo, defende Paulo Freire que “não existe docência sem discente”, uma vez que a única razão de ser do professor é o próprio aluno, sem o que não teria função alguma.

Por outro lado, defende o Autor que ensinar exige uma “rigorosidade metódica” do docente, que não deixa escapar nenhum detalhe em seus discentes e que, como conseqüência, deve estimular no aluno a curiosidade e a capacidade crítica. Ensinar exige também “pesquisa”, pois não há ensino sem pesquisa e vice-versa.

Além disso, ensinar exige “respeito aos saberes dos discentes”, homenageando as suas historicidades, exige igualmente “criticidade”, em que há um esforço para “transformar” o ser ingênuo em ser crítico, no sentido de ser curioso, ensejando o fenômeno da aprendizagem.

Para Paulo Freire, ensinar também envolve o aspecto da “ética” e da “estética”, uma vez que ética e beleza andam trilham sempre juntas o mesmo caminho, sendo indissociáveis uma da outra. Nesse mesmo sentido, ensinar exige “dar vida às palavras” pelo exemplo, pois a assimilação é feita de forma rápida e consolidada.

Ensinar, segundo o Autor, exige “risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação”, exige também o “reconhecimento e a assunção da identidade cultural”, além de exigir a “consciência do inacabamento”, ou seja, de que nunca se está acabado, estando-se predisposto à mudança, ao novo, receptivo ao diferente.

Para Paulo Freire, “o que está condicionado, mas não determinado”. Assim, no processo de aprendizagem, passamos a ser sujeito e não apenas objeto da nossa história. O educador, nessa linha de raciocínio, não deve inibir ou dificultar a curiosidade dos alunos, ao revés, deve estimulá-la, pois dessa forma desenvolverá a sua própria curiosidade, sendo ela fundamental para a evolução do ensino.

Segundo o Autor, ensinar exige o “reconhecimento de ser condicionado”, exige “respeito à autonomia do aluno”, exige “bom senso”, exige “humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores”. Exige, por outro lado, “entender a realidade” e não ficar alheio a ela, exige a “convicção de que a mudança é possível”.

Como vimos, ensinar não parece tarefa fácil, mas “se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Por isso mesmo, ensinar exige “segurança, competência profissional e generosidade”, exige “compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo”, exige “liberdade e autoridade”, exige “tomada consciente de decisões” e, também, “saber escutar”. Ensinar igualmente exige “disponibilidade ao diálogo” e o reconhecimento de que a educação é “ideológica”.

Por fim, a educar exige “querer bem aos educandos”, sem os quais não existiria sequer o professor. Destarte, como ser político, emotivo, pensante não pode ser imparcial em suas atitudes, o professor deve sempre mostrar o que pensa, de forma alegre e com esperaça, apontando diferentes caminhos, evitando conclusões precipitadas, para que o discente procure o qual acredita, com suas explicações, se responsabilizando pelas conseqüências e construindo assim sua autonomia. Por isso mesmo, “ninguém é sujeito da autonomia de ninguém”.

O livro de Paulo Freire preconiza, por fim, que é de fundamental importância no processo de docência a motivação e a busca não apenas do conhecimento teórico e prático, por intermédio da formação e da capacitação, mas também de se firmar cada vez mais a relação docente-discente, pois este é o pilar para a formação e educação crítica dos cidadãos.


FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. 36ª Edição. São Paulo: Paz e Terra, 2007.

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